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quarta-feira, 30 de março de 2011

O "lado escuro" da Escola da Ponte

FOLHA DE SÃO PAULO, 07 DE MARÇO 2011

FELIPE CARUSODO RIO
 
Célebre por subverter os paradigmas do ensino tradicional, a Escola da Ponte, criada em Portugal em 1976, ganhou notoriedade ao propor um projeto pedagógico diferente, em que não há séries nem professores divididos por disciplina.
Por trás de um método inovador, exaltado em "A Escola com que Sempre Sonhei sem Imaginar que Pudesse Existir" (Papirus, 2001), de Rubem Alves, houve uma instituição onde a violência era rotineira e foi importante -o estopim- para a implantação do método.
A revelação é feita por José Pacheco, um dos mentores do projeto e que esteve à frente da escola por mais de 30 anos. Ele admite ter batido em um aluno em 1976 e diz que o livro do brasileiro lhe "criou um problema". Pacheco deve lançar, em meados do ano que vem, um livro sobre o lado obscuro da escola. Confira, a seguir, trechos da entrevista.

Folha - Depois do livro de Rubem Alves, a Escola da Ponte inspirou projetos de educação no Brasil...
José Pacheco - O Rubem Alves me criou um problema quando publicou o livro. Ele é um homem maravilhoso e um amigo, mas, sem querer, criou um mito, mostrando só o lado belo das crianças solidárias. A Escola da Ponte tem um outro lado. O lado feio. O lado da fragilidade humana e que é preciso revelar. Eu hoje no Brasil me preocupo em desfazer o mito sem chocar as pessoas, mas mostrando o lado da miséria humana que também fez a Ponte.

E que lado é esse?
É doloroso falar nisso. Há grandes lutas no projeto. No início, houve grande violência, tanto simbólica quanto explícita. Há 35 anos, havia uma prática comum na escola: professor batia em aluno e aluno batia em professor. Há o conflito entre pessoas diferentes enquanto não aprendemos a aceitar o outro.

A violência no início do projeto surgiu pela ruptura da noção antiga de autoridade?
Em 1976, havia na Ponte a chamada Turma do Lixo, constituída em sua maioria por jovens de 13 a 15 anos que não sabiam ler nem escrever. Esses jovens não eram violentos. Eram violentados.
Além da violência simbólica, eles tinham uma experiência de vida tremenda. Chegavam cobertos de piolho, cheirando mal, bêbados, com fome, com falta de ternura e de vínculo amoroso.
A violência não nasce com a pessoa. A violência aprende-se. Eles tinham aprendido essa violência, de modo que reagiam quando um professor os obrigava a fazer algo. Eles batiam nos professores.

E os professores?
Num primeiro dia de aulas, agora vou fazer uma revelação, bati num aluno que me bateu. Ele era mais alto que eu, tinha 14 anos -o Ricardo, que hoje tem 50 anos e é um homem maravilhoso.
Eu fiquei envergonhado daquilo que tive que fazer, mas a partir daí ninguém mais bateu naquela escola. Nem aluno nem professor.
Aquilo que estava instituído a partir do momento em que eu reagi, era o medo. Nunca eles imaginaram que um professor pudesse reagir.

Como a violência deixou de ser rotina na Ponte?
Desse medo inicial ao que Ponte se tornou hoje, há um processo feito com pessoas que compreenderam que não poderíamos continuar com a violência explícita nem com a simbólica, com um paradigma de ensino que faliu.
Encontramos caminhos com alunos, pais e professores. Desse tempo em que precisei reagir até hoje, quando nem com o olhar nós ameaçamos, há todo um processo que deve ser desmitificado.


Rubem Alves diz que mitificação foi intencional
O projeto pedagógico "Fazer a Ponte" foi criado na década de 70 na instituição pública de ensino Escola da Ponte, em Vila das Aves, distrito do Porto, em Portugal.
Lá, crianças e jovens de idades diferentes aprendem em pequenos grupos com um interesse comum. Orientados por um professor, pesquisam sobre um tema e, depois, avaliam o conteúdo.
Se o aprendizado for considerado adequado, o grupo se dissolve, e formam-se outros para estudar outro tema.
Ao se deparar com esse sistema de aprendizado, o escritor e colunista da Folha Rubem Alves quis transmitir o deslumbramento que sentiu.
"Eu estava tão encantado ao me defrontar com uma escola daquela que a minha tendência era deixar as coisas bonitas", disse.
O escritor admite que há mitificação em seu livro, "A Escola que Sempre Sonhei, sem Imaginar que Pudesse Existir", mas diz que, de certa forma, ela foi intencional.
"Há certas situações em que não é para ser objetivo, porque é o encantamento que faz as transformações."
Depois de quase 30 anos lutando contra os parâmetros do governo português para as escolas públicas, a Escola da Ponte conseguiu, em 2005, um contrato de autonomia com o Ministério da Educação. Nele, é reconhecida como uma escola pública distinta da tradicional.
Perguntada sobre o a revelação de José Pacheco, a atual direção diz que a melhor pessoa para falar sobre a época é mesmo o ex-diretor.
"Como qualquer projeto, é uma construção coletiva. É feito de pessoas com expectativas, convicções, opiniões e, consequentemente, de acordos e desacordos.(FC)

Ranking internacional aponta as cem melhores instituições do mundo

O Brasil tem um longo caminho a percorrer na educação. O país é o único do BRIC (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China) a não ter nenhuma instituição de ensino superior entre as cem mais bem avaliadas por acadêmicos no mundo.
É o que mostra o novo ranking divulgado pela revista britânica Times Higher Education (THE), principal referência no campo das avaliações de universidades no mundo. A Rússia aparece com a Universidade Lomonosov, de Moscou, na 33ª posição. A China tem cinco universidades no ranking, a melhor é a Tsinghua, de Pequim, no 35º lugar.
O Instituto Indiano de Ciência está na 91ª colocação. Foram ouvidos 13.388 acadêmicos de 131 países. Na liderança, mais uma vez, aparece a americana Harvard. O índice considera a imagem que as instituições têm entre os acadêmicos.

Fonte: Folha de S. Paulo (SP)

domingo, 27 de março de 2011

Como posso ser feliz sendo professor?

O título deste artigo não é meu. É de inúmeros colegas professores que frequentemente manifestam através de suas angústias uma falta de entendimento do conceito de felicidade. Assim, refletindo e pesquisando sobre o tema, proponho algumas reflexões sobre o conceito – e também a prática. 

É possível aprender a ser bem-sucedido e feliz. Fortemente embasado no pensamento humanista, estipulo uma trajetória pelo presente, mas também pelo passado e pelas possibilidades do futuro, visto que as questões aqui abordadas são antigas e intrigantes:
  • O que é ter uma vida de sucesso?
  • Como aprender a viver?
  • Qual o sentido da vida?
Grandes pensadores de diferentes escolas filosóficas ao longo dos tempos indicam caminhos aos que se aventurarem a afrontar as mesmas interrogações. Mas cabe uma observação em relação ao modo de vida grego antigo. O que parece interessante nos gregos é a ideia que define o que é a “vida boa” em oposição ao sucesso social, em que o objetivo da filosofia é o de ajudar os humanos a superar os medos. Onde: “filo” mais “sofia” é “amar a sabedoria”, a procura da serenidade está no sentido de ser livre na sua mente e também aberto aos outros, ser capaz de amar e superar os medos que nos impedem de viver.

Pensemos sobre o homem contemporâneo e suas escolhas e novamente sobre o conceito de vida bem-sucedida que, parece, resume-se à satisfação material, ao sucesso social e à preocupação narcísea e ilimitada de poder.

Os humanos contemporâneos precisam aprender a superar seus medos, aperfeiçoar sua busca e desenvolvimento espiritual, uma nova sabedoria fundada no amor como um dos elementos capaz de reconciliar o presente e ampliar o horizonte e seu pensamento.

Então pulamos para o futuro e imaginamos que trocando de carro, casa, profissão, escola, parceiro (a), tudo vai ficar melhor. Em verdade, transportamos nossas preocupações e infelicidades conosco, e as coisas não se tornam melhores porque se trocou um Audi por um Mercedes.

À força de viver no passado ou no futuro, perde-se de viver o único momento real, ou seja o presente, quando e onde podemos nos realizar através da paixão, da qualidade, do comprometimento com o que fazemos.

Os medos se enraizam no passado e no futuro. Sábio é quem consegue, num mesmo movimento, viver no presente e viver com serenidade. No presente ele se desvencilha dos medos que habitam essas duas dimensões irreais do tempo, que são o passado e o futuro.

Para viver bem, é preciso superar os medos e isso se chama sabedoria. “A coisa mais fácil do mundo é encontrar diferenças. Difícil é harmonizá-las.” Palavras do Dalai Lama, de quem também acrescento mais duas assertivas para concluir: “É indispensável fazer com que cada dia de nossa vida tenha um sentido.” E que nosso trabalho tenha um propósito dignificante para cada um de nós. “É sempre possível mudar. Mas vencer emoções e pensamentos negativos requer disciplina e tempo. Comece agora.”

Texto de Luiz Carlos Moreno originalmente publicado na revista Profissão Mestre de março de 2009.

sexta-feira, 25 de março de 2011

O professor (in)feliz


     No gabinete docente da Esefap (sala destinada aos professores para que pesquisem, discutam a condição acadêmica e orientem seus alunos), há um quadro na parede com a seguinte frase: “Feliz aquele que transmite o que sabe e aprende o que ensina”. Feliz a poetisa Cora Coralina que, a meu ver, sintetizou numa pequena frase a natureza docente. A frase carregada de poesia, hoje em dia, vale mais do que nunca. O cenário que se apresenta, repleto de obstáculos de toda ordem, faz com que o professor que consegue concluir o conteúdo ao final da aula sinta-se um felizardo.

     A tragédia é conhecida: implantação de sistemas de ensino avançados sem considerar a necessária adaptação do professor, do próprio aluno e sua família; desvalorização da profissão em razão, principalmente, dos baixos salários, configurando-se em desestímulo ao ingresso na profissão. Tal realidade, que não apenas atinge, mas define principalmente o ensino básico, é tensionada por outro grave componente: uma geração de crianças cujo individualismo e competitividade são expressos numa agressividade cotidiana, e não apenas entre seus colegas. Uma geração que parece ameaçar pais e professores.
     Dois ótimos filmes refletem bem esta agressividade da infância e da juventude atuais: A Onda e O Dia da Saia. Não à toa, o primeiro é uma produção alemã e, o segundo, francesa. Esta situação é “globalizada”, pois se vê no mundo todo. Ambos produzidos em 2008 provocaram acaloradas discussões nos meios políticos e educacionais europeus. Filmes que, obrigatoriamente, devem constar na videoteca de todo professor! As duas produções ajudam a refletir sobre os riscos inerentes à condição docente no século 21. Na realidade, A Onda, baseado em fato real, apresenta um professor de história explicando o nazi-fascismo a seus alunos. Para isso, reproduz em sala de aula a atmosfera da época, e nessa experiência pedagógica arriscada... Bem, é melhor você assistir ao filme. Mas observe como a condição humana está à flor da pele dos estudantes.
     Em O Dia da Saia, com a belíssima atriz Isabele Adjani como professora de uma turma de adolescentes, os riscos, a violência, a agressividade verbal não são provocados, pois já compõem seu dia a dia com aqueles jovens. Esse filme é trágico e absurdo, belo e sensível, tão verdadeiro que se aproxima de um documentário. A professora Sônia Bergerac, esgotada por vivenciar cotidianamente aquela situação tensa, depara-se com um fato inusitado: ao discutir com um aluno, uma arma cai ao chão. E é na arma que Sônia se apoia para recompor sua autoridade frente à turma. Em meio a passagens trágicas, a professora levanta questões como autoritarismo, preconceito (a turma é composta por negros, mulheres, árabes, judeus), violência e, claro, educação: “Vocês são marginalizados pela sociedade e a única saída que têm para vencer esta condição é estudando”, diz, atônita, ao ver que o universo humano se refletia nas disputas de poder, condições de gênero, raça e de religião naquela sala.
     Sônia, que vê na arma a única saída para exercer seu ofício, é o contrassenso em pessoa. Mas se O Dia da Saia parece nos dizer que a condição humana é um páreo duro à condição docente, valoriza ainda mais o seu papel: sem a presença do professor, seríamos mais animalescos, selvagens, incivilizados.
   
Texto de Robinson Ricci, diretor-geral e de Comunicação Institucional das Faculdades Esefap, de Tupã (SP). O autor também é graduado em Comunicação Social pelas Faculdades Casper Líbero.
E-mail: robinson.ricci@esefap.edu.br

quinta-feira, 24 de março de 2011

Saúde do Trabalhador: as dez doenças que mais afastam as pessoas do trabalho


Dores nas costas, no joelho, hérnia e depressão lideram o ranking feito pelo IG
Levantamento inédito feito pelo IG Saúde mostra o ranking das dez doenças que mais afastaram os trabalhadores do serviço em 2010 e resultaram em 571.042 licenças trabalhistas, uma média de 65 por hora.
A lista foi produzida pela reportagem com base nos registros oficiais previdenciários, compilados pelo Ministério da Previdência Social e são referentes às licenças trabalhistas que tiveram duração igual ou superior a 15 dias. Para os especialistas, os dados sobre os problemas de saúde que mais resultaram em ocorrências têm uma dupla relação de causa e efeito.
Da mesma forma que dor nas costas, joelhos machucados, hérnia inguinal, depressão, mioma uterino, varizes, doença isquêmica do coração, hemorragia no início da gravidez, câncer de mama e bexiga caída são líderes – nesta ordem – em fazer com que as pessoas fiquem afastadas de seus cargos, estes problemas também podem ser reflexo das más condições do ambiente de trabalho.
Ranking
A líder absoluta em causas de afastamento no trabalho é a dor nas costas, responsável por quase 160 mil licenças anuais. Para o presidente do comitê de coluna da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot), Luis Eduardo Munhoz, a abrangência de profissionais que podem ser acometidos por este problema justifica a liderança. “Desde funcionários que precisam carregar muito peso no serviço a pessoas que passam horas em frente ao computador em postura inadequada, todos são suscetíveis”, diz o especialista.
Problema no joelho rende 107 mil afastamentos do trabalho por ano. Articulação é fragilizada por envelhecimento, excesso de peso e exercícios inadequados. Os trabalhadores brasileiros, em qualquer categoria, estão mais velhos e mais gordos. Os que não são sedentários – este grupo é apenas 20% da população brasileira – em sua maioria fazem exercícios físicos sem orientação especializada.
Hérnia inguinal afasta 80 mil do trabalho por ano. Problema de saúde é agravado por negligência pessoal, obesidade e esforço físico extremo e ocupou o terceiro lugar na lista de doenças que mais comprometem a profissão. O esforço físico extremo pode culminar na hérnia inguinal que se manifesta inicialmente, em geral, com um carocinho na região da virilha”, explica Côrrea. “Pode vir acompanhado com dor ou não, mas o fato é que a demora para procurar ajuda médica resulta nos casos mais graves, que são aqueles em que há até ruptura do tecido da pele”, explica o médico. Segundo ele, a piora do quadro é lenta e progressiva. Por isso, os afastamentos do trabalho por mais tempo coincidem com os pacientes que demoraram mais para procurar ajuda.
A depressão aparece em quarto lugar na lista de doenças mais impactantes no exercício profissional. Não bastasse isso, especialistas afirmam que ela está de mãos dadas com todos os problemas de saúde trabalhistas. Em 2010, foram 55 mil afastamentos por 15 dias ou mais por causa de quadros depressivos. Este problema de saúde mental pode ter sintomas físicos e um exemplo é a dor nas costas, a líder de afastamentos do trabalho.
Fonte: Portal IG – 22/03/2011

segunda-feira, 21 de março de 2011

" O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria, se aprende é com a vida e com os humildes" (Cora Coralina)

sexta-feira, 18 de março de 2011

Caros colegas,

Estive ausente por motivo de doença (mãe). Em breve retornarei com novos posts.

Um grande abraço.

Sâmia